Pandemia afeta acesso à educação aos estudantes de baixa renda
- jornal360vergueiro
- 7 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de nov. de 2020
Com as mudanças no país em âmbito escolar, professores, alunos e pais se unem para driblar a situação atual e adaptarem-se ao ensino remoto
Por Bianca Nascimento e Maria Alice Grima

(Falta de recursos tecnológicos coloca alunos de baixa renda em situação de exclusão no ensino virtual./ Bianca Nascimento)
Diante da mudança do ensino convencional para o remoto em razão da pandemia do novo coronavírus, o Brasil tem vivenciado um período de crescente desigualdade educacional potencializado pelas desigualdades sociais. Isso tem ocasionado dificuldades de adequação aos alunos pertencentes a famílias de rendas mais baixas, que não têm encontrado recursos e assistência necessárias para absorver o aprendizado.
Segundo Marcelo Souza Henrique, mediador escolar e mestre em Geografia, o período de adaptação a esse novo modo de aprendizagem foi extremamente conturbado, devido às preocupações em relação à migração do presencial para o virtual sem um método definido para alcançar um maior número de estudantes.
A educação e o apoio domiciliar nessa fase têm sido fundamentais para os alunos em situações precárias se desenvolverem diante das dificuldades. De acordo com Denise Grigorenciuc, professora no 2° ano do ensino fundamental, a aprendizagem remota está prejudicada por muitos não terem uma rotina, seja ela familiar ou educativa. “A falta de um lugar para se concentrar e aprender de verdade impede o desenvolvimento”, afirma.
Um exemplo dessa situação é a vivida pela família de Kelly Lima, moradora da Comunidade Heliópolis em São Paulo, com 5 filhos em idade escolar – faixa de 5 a 17 anos – que estudam na rede pública e apresentam dificuldades de aprendizagem por falta de ferramentas tecnológicas para todos. “O maior desafio em relação à rotina deles é conciliar os horários diferentes das aulas e atribuir atenção para cada um. Tenho que ter muita paciência”, relata a mãe.
Pensando nisso, algumas instituições de ensino, oferecem um plano de estudo adaptado, para que essas famílias possam se adequar. O professor Marcelo explica que esse novo momento pode ser de aprendizado para todos e todas as dificuldades podem ser transformadas em um momento de afeto. "Deve ser um tempo de carinho e proximidade, uma vez que os pais podem se juntar aos filhos para auxiliar e aprender com eles. Ter essa interação e consciência das responsabilidades já ajuda bastante o profissional a desempenhar seu trabalho de uma forma mais didática", argumenta ele.
Para a psicóloga Sabrina Leva, especialista em saúde mental, o professor e as escolas devem pensar em atividades que sejam dinâmicas e fáceis para os discentes, compreendendo que muitos pais não têm estrutura para prestar o apoio que antes era função dos educadores. “Os professores devem manter os vínculos e ficar atentos aos alunos, acompanhando e dando o suporte necessário para que eles se sintam capazes, e assim reverter a desigualdade em inclusão” explica.
Contudo, a discussão sobre os meios para reduzir a desigualdade educacional deve estar sempre presente. De acordo com os pedagogos, com o planejamento e as ações entre pais, alunos e professores é possível garantir o ensino com qualidade, mesmo em tempos difíceis.







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