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A importância em se investir no ensino étnico-racial nas escolas

  • jornal360vergueiro
  • 7 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de nov. de 2020

Como o currículo escolar diverso e representativo desde os anos iniciais pode ser um forte instrumento de combate ao racismo

Por Dayelle Hadassa e Pâmela Meres Soares

Criada em 2006 pelo Ministério da Educação com base na Lei nº 10.639 de 2003, a portaria intitulada "Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais" torna obrigatório o ensino da História da África e da Cultura Afro-Brasileira em todas as fases escolares. Porém essa lei nem sempre é cumprida e movimentos como “Black Lives Matter”, deflagrado este ano nos Estados Unidos e importado para o Brasil, evidenciam a falta do ensino étnico-racial nas escolas e a ausência de líderes negros para aumentar a representatividade.

Luciana Lima, mãe de Gabriel, 8 anos,aluno do 3º ano do ensino fundamental, aponta como é importante esse ensino. “Acho extremamente importante ter essa representatividade no ambiente escolar, para que a criança negra não se sinta fora de um grupo ou de um padrão que a sociedade impõe. Muitas vezes ele não se reconhece nas atividades ou nos exemplos apresentados”, ela afirma.

De acordo com especialistas em ciências sociais, o racismo não nasce com as pessoas, ele é histórico e vem das raízes em que crescemos. Estudos apontam que o que somos hoje é baseado na forma como fomos instruídos pela família, escola e sociedade. Para mães como Luciana, as crianças são o futuro e devemos ensinar e mostrar a eles desde pequenos que somos todos iguais. “Se o ensino trouxer a importância de que todos são iguais, independentemente da cor da pele, condição socioeconômica, crença e etc., o racismo não existirá”, afirma ela.


Gabriel com os pais Luciana e Gel em apresentação escolar

O acesso à informação e o incentivo por parte das instituições de ensino

Danielle Pereira, professora há 26 anos na educação infantil, explica como a pauta sobre igualdade racial é tratada dentro das salas de aula. Ela conta que pelo ensino étnico-racial ser relativamente recente e pouco explorado, os educadores ainda não têm especialização no assunto, porém não são impedidos de abordar o tema. “Desde que o assunto seja apresentado dentro de um projeto e siga as normas do currículo de ensino da cidade, não há nenhuma proibição. Precisa ter mais aprofundamento, principalmente nas escolas públicas onde a maioria dos alunos são negros e precisam dessa base”, explica.

Segundo a antropologia, a sociedade é formada por diversas culturas e dar visibilidade a diferentes etnias é dar valor a cada origem. Enquanto para psicólogos, as crianças precisam compreender que construir sua identidade é crescer para o futuro, onde as diferenças são normais, e que essas diferenças devem ser motivo de orgulho e não de vergonha, pois é na infância que se inicia a construção do caráter. A escola é um dos pilares da formação de personalidade e por isso deve valorizar todas as características, ser um local de aprendizagem sobre lutas e vitórias onde precisa existir representatividade.

Para a ativista periférica Luana Daltro, “seria importante a educação étnico-racial nas escolas porque somos uma sociedade que não reconhece sua história e, por sua vez, os erros formaram nossa estrutura social”. A ativista ressalta que, se houvesse essa prática de ensino em sua época da escola, teria valorizado seus traços e sua formação como sujeito. “Aprendemos na escola uma narrativa que oculta fatos históricos e ‘invisibiliza’ sujeitos negros, colocando-os num lugar de passividade”, diz ela. Luana acredita em um movimento para a desconstrução do racismo, mas que ainda é difícil aplicá-lo no país.

Ativistas como Luana ressaltam que incluir e desenvolver o ensino étnico-racial nas escolas é de extrema importância, relevância e influência. “A escola precisa ser um lugar livre que ensine a igualdade racial e social para contribuir com a construção de uma sociedade livre de preconceito.”

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