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Número de vítimas de ações policiais cresce no país no primeiro semestre do ano

  • jornal360vergueiro
  • 4 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 8 de nov. de 2020

A taxa de mortes no país aumentou em 7% em relação ao ano passado, segundo os dados do Monitor da Violência

Por Ariane Almeida, Giovana Motta, Julia Wellmann e Nicholas de Oliveira

Foto: Walla Santos/ClickPB/Arquivo


Nos últimos tempos, um dos principais assuntos em jornais, tablóides e nos noticiários na televisão tem sido as acusações de abuso de autoridade e da força policial nas diversas regiões do Brasil. Não são poucos os depoimentos de vítimas e parentes sobre a violência policial, muitas vezes gratuita e comprovada por imagens de câmeras espalhadas por todo o país.


Herbert Edgar Almeida da Silva, de 27 anos, que reside em Osasco, São Paulo, afirma ter sofrido agressões físicas e verbais de policiais, próximo à sua casa. Herbert diz que já foi chamado de “vagabundo” em uma abordagem policial e que, na tentativa de se defender, levou um tapa na cabeça. “Eu não gostei e questionei o policial o porquê de estar me agredindo, e ele, super violento, falou: ‘Cala a boca que você é muito folgado, fica quieto se não te mato aqui mesmo’", relata o jovem. 


Herbert disse ainda que não registrou um boletim de ocorrência contra a ação da polícia pois não acha que isso teria qualquer eficácia. Ele espera que esses profissionais passem mais confiança e tenham mais educação, e conclui: “Não somos os inimigos, somos apenas cidadãos”.


No primeiro semestre deste ano, ao menos 3.148 pessoas foram mortas por policiais em todo o país, segundo o Monitor de Violência, parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Esse número é 7% mais alto que o registrado no mesmo período no ano passado.


Apesar dos relatos e das porcentagens oficiais, não são todos os policiais que acreditam em tamanha violência vinda dos seus colegas de trabalho. O policial Carlos Barbosa, de 32 anos, atuante principalmente na região do Jabaquara, zona sul da capital paulista, afirma que as chamadas que recebe referente à violência policial não são graves. “Acho que tais fatalidades são por culpa do civil e, em caso de reação, o policial tem direito de se defender”, diz Carlos. O policial também acha que a polícia está cumprindo um bom papel e que todos esses profissionais são treinados, capacitados e que agem de forma justa. 

De acordo com o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), pretos e pardos representam 78% dos mortos por intervenção policial no Rio em 2019.


Neste ano, também houve passeatas e encontros para protestar contra a violência excessiva que pessoas negras sofrem das forças policiais, como no caso da luta pela justiça decorrente da morte de João Pedro, 14 anos, falecido dentro de sua casa com um tiro de fuzil calibre 5,56 durante uma operação da PM no Complexo do Salgueiro, Rio de Janeiro.

Alessandro Vieira da Silva, 20 anos, afirmou que também já foi agredido fisicamente por um policial. “Nunca me senti protegido pela polícia, a proteção que recebo é da ‘boca’ (local onde traficantes comercializam drogas)”, explica ele. Vieira falou, ainda, que se sente um alvo de abordagens agressivas por morar em uma comunidade. 


Apesar de todos os depoimentos, os casos, em geral, passam, primeiramente, pela investigação da polícia com base na conduta do policial ou dos policias envolvidos. Nem todos são afastados durante esse período e continuam a trabalhar nas ruas, causando insegurança pela falta de conclusão dos processos nos quais estão envolvidos. À população, cabe esperar e torcer para não ser o próximo enquadrado por esses profissionais.

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