Mundo virtual cresce na pandemia
- jornal360vergueiro
- 6 de nov. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 8 de nov. de 2020
Em decorrência da pandemia do Covid-19 e o isolamento social, o número de acessos a internet dobrou, apontam especialistas
Por Luana Delfino e Ana Caroline Viana

Foto: banco de imagens
O ano de 2020 foi muito difícil para milhares de brasileiros, por conta da pandemia de Covid-19. Pois várias pessoas tiveram de alterar ou simplesmente cancelar os seus planejamentos pessoais e profissionais. Atividades que antes costumavam ser desenvolvidas presencialmente passaram a ser virtuais (online). Muitas pessoas foram “pegas” de surpresa com esta mudança, e tiveram de se adaptar a um mundo completamente diferente. Muitas empresas não viram problemas em encarar o novo conceito de trabalhar e investir negócios pela internet. Esse posicionamento tem sido fundamental, pois no Brasil apenas 28% das empresas tiveram de fazer mudanças nesse novo cenário, segundo Caroline Gomes, especialista em análise de empresas e microempresas no estado de São Paulo. “Atualmente estão sendo especificadas as ferramentas do negócio, o portfólio de produtos ofertados. Por exemplo as indústrias de confecção passaram a produzir maior número de máscaras e roupas de moda para vendas através de vídeo chamada. As gráficas atendem as demandas por delivery”, afirma Caroline.
Os estudos para o Enem e os vestibulares foram prioridades dos estudantes em tempos de isolamento social. “Em poucas semanas de pandemia apresentamos as mais diversas plataformas digitais. Os alunos podem fazer o levantamento dos materiais dentro de suas próprias casas”, explica Vinícius Ferreira, diretor de inovação pedagógica do governo do Estado de São Paulo.
Já as mães de família veem essa mudança mais segura e eficaz para os filhos. Para Patrícia Rocha de Freitas, psicóloga e pedagoga da Universidade de São Paulo (USP), não foi problema nenhum se habituar ao virtual. “A troca foi excelente, pois assim nós, que somos mães, podemos conciliar o trabalho home office aos estudos à distância de nossos filhos. Sabemos bem do apoio e o incentivo que eles precisam para desenvolver suas habilidades e conhecimentos escolares. Nesta hora é fundamental nossa presença como mães perto deles”, diz Patrícia.
Compras e trocas são apontadas como os principais motivos para os números elevados de acessos virtuais. O professor e orientador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) José Alves Neto conta, com base em um estudo virtual feito por pesquisadores como foi possível chegar a tantos As demandas aumentaram, a maioria teve sérios problemas com devoluções do produto, acessos só nesta pandemia. “Nestes tempos difíceis o povo brasileiro abusou nas compras online. a regra é bem clara: verificar primeiro o site em que vai comprar, se é confiável. Em casos de trocas é obrigação do site fazer a troca ou devolver o dinheiro do consumidor”, acrescenta o professor.
Diversos eventos como festas, palestras, atendimentos psicológicos não ganharam tantos acessos como era o esperado, apontam os especialistas. Mas ainda assim, tiveram grande público. As possíveis “lives” acabaram ganhando mais espaço neste aspecto de lazer e entretenimento, com shows de artistas famosos como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Jorge e Mateus, Marília Mendonça, Bruno e Marrone, Ivete Sangalo, Alok e muitos outros. O grande alcance de views foi surpreendente, tornando o Brasil um dos países pioneiros na ação de levar entretenimento e cumprir papel social, arrecadando donativos para amparar os diversos segmentos mais afetados pela crise do coronavírus. Além dos shows, surgiu também as entrevistas jornalísticas por meio das lives, como as da jornalista e apresentadora do Cultura Livre, Roberta Martinelli. Para o público, as lives são umas das poucas formas de interação social em meio a pandemia. A instantaneidade do “aqui e agora” e o poder de interação por meios de perguntas e reações para o entrevistado e o entrevistador, é que chama a atenção do público, tornando o modelo tão famoso no Brasil.
A internet foi a principal aliada também para missas e cultos, desde 24 de março, as igrejas tiveram de ser obrigatoriamente fechadas por conta de aglomerações. Contudo, as crenças e orações do povo brasileiro não deixaram de permanecer de pé, participando de missas e cultos online, realizados por algumas de igrejas do Estado de São Paulo. A decisão, veio após Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) proibir todo tipo de celebração presencial, para evitar a propagação do novo vírus. Com uma legião de fiéis, Papa Francisco também adere o uso da tecnologia para ministrar orações mundiais para tentar acalentar a população nessa fase tão difícil. Diretamente da Praça de São Pedro (Itália),que foi fechada para evitar ainda mais a propagação do vírus, Papa Francisco realizou a chamada “Urbi et Orbi” fazendo uma oração para que o mundo consiga superar a pandemia do covid-19. Casas que realizam trabalhos espirituais e religiões de matrizes africanas como os terreiros de umbanda e candomblé, também adotaram as medidas, com as chamadas “giras” sendo transmitidas por chamadas de vídeo. Marcelo Cotrim, que é dirigente da famosa casa que realiza trabalhos espirituais, Caminho dos Essênios, localizada em São Paulo, passou a fazer as giras por meio das lives. Outra adaptação, foi a tiragem de cartas via internet. Muitos tarólogos adotaram a medida, por conta da alta demanda na quarentena. Segundos eles, mesmo com o isolamento social afrouxado, as pessoas ainda não se sentem suficientemente seguras para uma consulta presencial.
A Cidade de São Paulo, agora com sete meses de isolamento social, com todos as regiões entrando recentemente na chamada fase amarela do plano de reabertura econômica, começa a flexibilizar o isolamento social. Muitas pessoas já saem para trabalhar e praticar atividades de lazer, cumprindo as restrições de distanciamento social. Há também, uma parcela da população que opta por ficar isolado em casa e realizar as atividades de lazer e o trabalho pelo mundo virtual, evitando assim, qualquer forma de contagio. Mas o consenso que há entre os entrevistados é que há seus prós e contras dessa migração para o mundo virtual. Para alguns, esse novo formato foi cômodo, proporcionando o acesso a qualquer atividade de entretenimento no conforto de suas casas, economia nos transportes e autonomia do que deseja consumir. Há também quem diga que muita coisa do contato social presencial, aquele que sempre praticamos antes da pandemia, se perde no ambiente tecnológico. Para eles, gestos como abraços, aperto de mão, e conversas com “olho no olho” são essenciais.







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