Onda digital muda o formato e desafia pequenas companhias de teatro
- jornal360vergueiro
- 6 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de nov. de 2020
Adaptação é fuga para não ter que fechar as portas
Por Amanda Araújo, Deborah Pontes e Mariana Santiago

Espetáculo ‘Maria e os Insetos’. Foto: Ligia Jardim.
Enquanto o país enfrenta um momento delicado de isolamento social, o meio de entretenimento foi uma das áreas afetadas pela pandemia. Para as pequenas companhias de teatro, o desafio é grande. Os espetáculos foram uma das primeiras atrações a serem fechadas em março, no início da pandemia. Por segurança, está no final da fila de reabertura em São Paulo.
A Companhia Delas, fundada em 2001, em São Paulo, tenta manter suas atividades. “Acreditamos na potência e importância que o teatro pode ter para formação do indivíduo, no poder de espalhar histórias inspiradoras e como isso pode contribuir de alguma forma para a transformação da realidade”, observa Fernanda Castello Branco, uma das fundadoras.
Como todos, a atriz também foi pega de surpresa: “Nós tínhamos acabado de estrear nosso novo espetáculo 'Maria e os Insetos'. Estávamos com a agenda quase toda fechada para o ano todo, o que nunca tinha acontecido! Primeiro achamos que a pandemia não iria durar tanto tempo, ficamos frustradas, tristes e preocupadas com a situação.”
Fernanda diz que algumas das colegas de palco eram mais otimistas, outras menos, ou até mais realistas. Mas começamos a trabalhar com a ideia de que seria sempre assim.
Ela acredita que há um motivo para as pessoas procurarem espetáculos digitais durante o isolamento social, porque “Só arte salva! (risos). Acho que a arte tem capacidade de trazer beleza, poesia, reflexão, diversão, leveza, esperança e precisamos disso não só nesse momento, mas acho que agora mais ainda”.
Passar fome
A atriz e estudante de jornalismo Glicia Bazilio, está apreensiva com a situação que o meio enfrenta, e afirma: “As pessoas banalizaram a ida ao teatro. Quando você fala que quer ser atriz para a sua mãe, ela diz que você vai passar fome. Então, se as peças que não contam com um ator da Globo no elenco já não tinham tanto público assim. Agora ficará cada vez pior.”
Glicia confirma que as companhias estão lutando para manter viva sua alegria de espírito, e acredita que as companhias voltarão com uma vontade de se manter de pé nunca antes vista.
Exercício de resistência
O termo “lives de teatro” teve um aumento de quase 200% nas buscas entre os dias 22 de março e 25 de abril deste ano, sendo mais buscado em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.
A expectativa é grande “Isso é um exercício de resistência. a arte em nosso país tem sido alvo de críticas e cada dia menos valorizada pelas políticas públicas. Precisamos resistir em meio às adversidades.” A fala é do ator e músico pernambucano Layon Figueirôa, que tem boas impressões sobre a adaptação das companhias para o formato digital. “O ator tem que estar em constante descoberta do seu ofício. Creio que a sobrevivência das pequenas companhias dependerá bastante de como elas encaram essas mudanças.”
Ele completa: “Em tempos de pandemia, assim como tantas outras coisas que tivemos de adaptar para dar certo, o teatro precisou passar por isso também e é importante termos essa consciência.”







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