Consumo de arte e literatura apresenta crescimento durante o isolamento social
- jornal360vergueiro
- 6 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de nov. de 2020
Em meio ao período de distanciamento, pessoas buscam alternativas para manter a cultura viva
Por Luis Mandu e Yasmin Rocha

“Rotina”, obra autoral de Caroline Soares / Divulgação: Instagram
Com a pandemia da Covid-19, o setor cultural enfrenta um novo desafio. Manifestações artísticas, como cinema e exposições, são eventos que necessitam de grande público para funcionar. Entretanto, as medidas de isolamento a fim evitar a contaminação, impedem o retorno dessas atividades e, consequentemente, alteram a sua forma de consumo.
O distanciamento tem proporcionado grandes controvérsias sobre a percepção da cultura. O fenômeno das lives é um exemplo de como a tecnologia e a quarentena trouxeram um impacto positivo nesse meio, e o quanto os seres humanos possuem a necessidade de recorrer à arte para manter a lucidez e a esperança em tempos de crise.
Segundo a Nielsen, órgão responsável pela análise comportamental do consumidor, a busca por leitura, física e digital, tem aumentado mais nos últimos tempos. Entre maio e junho, o setor livreiro faturou mais de 100 milhões de reais, apresentando crescimento de 31% em relação ao mês anterior ao início da pandemia. Isso indica que as pessoas estão buscando novas opções para consumir artes que antes não eram tão valorizadas.
A artista independente Caroline Soares, 19, iniciou um projeto de produção e venda de obras artísticas autorais há sete meses. Ela relata que o período de distanciamento social foi uma ótima oportunidade para o seu negócio crescer, e para investir na sua evolução. “Mesmo distantes, as pessoas estão buscando uma nova forma de agradar e demonstrar afeto umas pelas outras. Fui surpreendida com várias encomendas assim que anunciei o projeto”, declara Caracol, como é chamada nas redes sociais.
A psicoterapeuta Clarisse Gentilli, 38, explica que o aumento na procura de arte está relacionado ao relaxamento físico e mental que ela proporciona. A frustração, estresse e ansiedade se manifestaram de forma mais intensa a partir do momento em que os hábitos, trabalho e a vida de muitas pessoas dependiam de como as coisas eram antes da pandemia. As principais dificuldades que surgiram devido ao isolamento social resultaram, sobretudo, das mudanças abruptas de rotina.
De acordo com o professor de Artes da rede estadual Diego Rodrigues, 38, a alta demanda de buscas não representa crescimento da valorização artística. “Acredito que as pessoas vão atrás desses conteúdos, não apenas por uma questão de apreciação cultural, de encontrar sentido na arte, e sim, por uma necessidade, principalmente, de entretenimento”, afirma.







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