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Mesmo com protocolos da CBF, retomada dos campeonatos de futebol feminino preocupa

Atletas sentem-se seguras para voltar, porém, infectologista alerta sobre a possibilidade de contaminação


Por Emily Rodrigues, Lucas Passanesi e Yasmin Dias

Enquanto o Brasil passa por uma grave crise sanitária, que já matou mais de 145 mil pessoas no país até meados de outubro, o mundo do futebol parece estar voltando aos eixos. Primeiro, houve a retomada da modalidade masculina. Agora, as competições de futebol feminino estão retornando aos poucos.

Equipe do Ceará voltando aos treinos após parada. (Foto: Divulgação/Ceará)


Entretanto, é possível notar a diferença entre as estruturas oferecidas pelas categorias. Por isso, a questão que fica é: com a falta de recursos que há em muitos clubes do futebol feminino, o retorno é seguro ou está sendo precipitado?


Com a volta do Campeonato Brasileiro, foi possível notar a fragilidade dos protocolos de segurança e dos elencos na divisão principal. Enquanto Iranduba e Audax precisaram fazer parcerias com outras equipes para seguir na competição, o Minas Brasília enfrentou o contágio em massa logo em sua primeira rodada da volta, quando dez atletas da equipe testaram positivo para o novo coronavírus.


Situações como essa preocupam o médico infectologista Leonardo Weissmann, do Instituto Emilio Ribas. “O número de casos e de óbitos pela Covid-19 no Brasil ainda é alto em vários locais. Associado a isso, temos o risco do contágio durante as partidas e a eficácia duvidosa dos testes laboratoriais, o que causa incerteza quanto à possibilidade de resultados falso-negativos, especialmente naquelas pessoas infectadas e sem sintoma”, afirma.


Apesar da existência do protocolo desenvolvido pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol), outro ponto aflige Weissmann. As altas chances de contágio - que podem acontecer por meio de gotículas respiratórias ou de forma indireta, quando uma jogadora tocar os olhos, nariz ou boca. “No papel, o protocolo pode ser muito seguro. Entretanto, quem vai fiscalizar? Será que as pessoas irão respeitar?”, questiona.


Em contrapartida, Carol Franco, jogadora do Taubaté, sente-se segura para retornar aos gramados. Atacante conta que está tranquila, pois “todas do grupo estão testadas, e sabemos que nosso adversário também estará”. Carol comenta que ocorreram mudanças na rotina de treinos. “O treino é dividido em grupos pra evitar a aglomeração, e sempre a uma certa distância. No segundo período, como estamos todas testadas e sem contágio, temos o contato com bola e treinos coletivos.”


Além de todas as mudanças que foram feitas nos treinamentos, há uma preocupação dos clubes com uma possível contaminação em seus elencos. Giselle Oliveira, atleta do Ceará, conta que o time está fazendo de tudo para preservar suas jogadoras. Ela confessa que sentiu um pouco de medo quando os treinos voltaram, mas, “depois de três semanas de trabalho, vi que não teria nenhum problema”. 

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